quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Abandonados

Eles nascem na rua. Crescem ao léu. Acostumam-se com a miséria. Não vivem, tentam sobreviver à temporada de mortes, a todo absurdo.

O mundo é sua casa, a vida é sua escola, o crime é sua profissão, o lixo é seu alimento. Vivem de restos, de sobras, do que para nós não passa de inútil. São crianças que um dia já fomos. Carregam ódio e amor, mas carregam também compaixão. Compaixão que não encontramos dentro de nós.

O que se espera de alguém perdido assim? Que seja uma boa pessoa? Que respeite o próximo? Como aprenderão as regras do mundo se ninguém os ensina? Será que realmente sabem o que é honestidade? O que se acredita que acontecerá com alguém que sonha apenas em viver, que não se imagina em um futuro próximo?

Quem os ajudará? Onde vão morar? Será que viverão na espera da vinda de um anjo da guarda para levá-los ao céu?

Na vida, tudo tem um preço. O preço que pagamos por agirmos de determinada forma. Qual será o preço dessas crianças? Será que realmente têm culpa de precisarem levantar suas armas? De apertar o gatilho?

O que será que sentem ao verem vitrines e lojas? Coisas que nunca terão. O que se passa na cabeça desses pobres ao ouvirem nosso hino? Uma realidade de poucos.

A sociedade prega o bem, diz ter dó. Mas cada um de nós sabe que na prática, não agimos como deveríamos. Negamos algumas moedas. Restaurantes jogam comida fora. O que esse pouco seria capaz de mudar?

E de quem é a culpa? Dos governantes? Das pessoas? Não, a culpa é de todos. Se buscamos prosperar, os pequenos têm de evoluir em conjunto.

Como alguém consegue derramar lágrimas ao falar dessa realidade e nega uma simples doação a instituições? É ai que se encontra o problema, o falso e o verdadeiro nunca irão se separar.

Enquanto muitos buscam uma solução, as crianças continuam amanhecendo nas ruas. Dormindo no gélido vulto da noite. O início da destruição. O mundo disputando entre a fé e o lucro. Entre o perdão e a ganância.

São nossos filhos, nossos irmãos, mas são acima de tudo, crianças. 

                                                                             Por: Ana Victória Boa Sorte                     


- Baseado em Be Myself - Charlie Brown Júnior s2

                                                                                                            

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